A badalada semana do 39º dia mundial do meio ambiente dá o tom do post deste domingo. Claro, devidamente conectado com as Hidrovias.
A data vem da Conferência de Estocolmo para o Ambiente Humano, realizada pelas Nações Unidas - ONU, em 5 de Junho de 1972. Há quase quatro décadas, todo ano, inúmeras organizações e a mídia planetária dão ênfase a uma questão que se insurge, a cada dia, como um dos maiores desafios da humanidade: o equilíbrio ecológico. Assim, este blog também embarca nessa onda.
Evoluiu-se bastante nessa área. Mas, o tema ambiental ainda não está no centro de nossas preocupações e decisões. A conscientização mundial desperta ações positivas. Às vezes, me flagro com um papel inservível na mão, esperando para jogá-lo fora no local certo. Vemos pessoas recolhendo pilhas e outros materiais agressivos à natureza para o descarte adequado. As novas gerações têm facilidade incrível na adoção de modelos mentais ecológicos. Crianças e adolescentes comportam-se como escoteiros do ambiente. Além do zelo, criticam as mais simples transgressões.
Esse esforço individual é importante e deve ser incentivado. Mas, não sejamos ingênuos. O maior impacto ao ambiente advém das atividades empresariais e das políticas de governo. Estas, sim, têm a escala de grandeza capaz de aprofundar ou não o mal-estar que assola a terra. Enchentes, secas, terremotos, tsunamis e furacões são apenas alguns dos bumerangues da nossa irracionalidade. Ou melhor, do agir com ignorância ou desprezo aos requisitos básicos de preservação, na ânsia pelo lucro imediato e do crescimento a qualquer custo. Nesse contexto, o poder da caneta de figurões, acionistas ou representantes políticos, faz a diferença.
Relatórios de organismos internacionais alertam sobre as mazelas que sangram nossa nave mãe e sobre seus limites. A trajetória do homem vem aumentando a temperatura média da terra. A simples melhora do bem estar de mais pessoas provoca esse efeito. Mais carros, mais ar condicionado, mais controles remotos. Todavia, isso é administrável. O agravante é a degradação ambiental exacerbada da presença humana. Nos atuais níveis, o estrago antecipa temperaturas que atingiríamos somente em décadas à frente. E não pensem que são variações grandes. Ao contrário, são pequenas, mas altamente comprometedoras ao planeta.
A Agência Internacional para Energia – IEA ressalta a urgência de um esforço dos países para manter esse aquecimento abaixo dos 2ºC (graus Celsius) nas décadas vindouras. E adverte que já estamos muito perto do nível de emissões de dióxido de carbono – CO2, que não poderia ser alcançado em 2020. Esse gás é um dos causadores do efeito estufa, que eleva a temperatura global. O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas - IPCC, ligado à ONU, alarma que um aumento de 4ºC na temperatura da terra provocaria transformações irreversíveis nos ecossistemas, com impactos severos na vida de milhões de pessoas, forçando migrações em massa e intensificando conflitos por recursos naturais.
Sim, a situação é séria. Talvez não seja aquele caos mostrado no filme 2012. Contudo, se nada for reduzido, os abalos já experimentados tendem a piorar. Assim, é vital ampliar a idéia de meio ambiente para o conceito de sustentabilidade. Isto é, de preocupação não apenas com a ecologia do presente, mas, especialmente, com a preservação do legado de gerações futuras.
Esse conceito foi abordado no artigo anterior denominado a Filosofia do Blog da Hidrovia. É emblemática a figura das rodovias desafogadas pela mudança da carga, dos caminhões que as congestionam, para embarcações nos rios, conforme mostrado naquele post.
O transporte como atividade humana gera impacto ambiental relevante no ranking da poluição planetária. Entretanto, vale frisar que no comparativo entre os modais, o aquaviário é o que acarreta menor degradação, sob vários aspectos. Além das vantagens energéticas, econômicas e sociais, os veículos da hidrovia apresentam as menores emissões do grande vilão do efeito estufa. Segundo a figura ao lado, para cada tonelada por quilômetro útil transportada – TKU, o rodoviário responde pela emissão de 164 g de CO2. Já o ferroviário emite 48,1 g deste elemento químico. Por sua vez, o transporte hidroviário libera apenas 33,4 g do principal gás causador das mudanças climáticas da terra. Eis a conexão com a sustentabilidade. A hidrovia ajuda a desacelerar o processo de aquecimento global.
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Comparativo das emissões de CO2 entre os modais de transportes. |
Concluindo, as questões ambientais precisam ser elevadas a um novo patamar. Urge fazer mais do que apagar uma lâmpada, reciclar pilhas ou plásticos. A mudança de rota exigida impõe que sejamos mais conscientes e participativos nas discussões sobre o futuro de nosso planeta. E que atuemos em escala. Por esse ângulo, dois modos são cruciais: como consumidores e eleitores. No primeiro caso, temos o poder de optar pelo consumo de produtos de empresas com práticas ambientais sustentáveis. No segundo, pode-se exigir de nossos representantes políticas públicas pautadas no interesse público e na sustentabilidade. Assim, poderemos fazer a caneta começar a pender mais para o lado ambiental, retardando o efeito dessa bomba-relógio sob o nosso quintal.
Allama, excelente artigo. Complementando o elenco das vantagens, lembro do estimulo que as hidrovias dão à preservação das matas ciliares e consequentemente ao equilíbrio sedimentar nos rios, atrasando a colmatação prematura desses e, entre outros, diminuindo a gravidade das inudanções de áreas urbanas. E, pra equlibrar, lembro de um impacto negativo (nem sempre lembrado) que é a emissão de hidrocarbonetos na água, o qual, apesar de comum em embarcações movidas a óleo, no caso dos rios, tem seus efeitos agravados pelo menor potencial de diluição desse tipo de corpo hídrico e pela importância dos usos dos mesmos (abastecimento, principalmente). É algo que não inviabiliza a atividade (especialmente diante dos benefícios já apontados) mas é algo a se trabalhar.
ResponderExcluirInteressante o tema, Allama. Impende mencionar que além da redução dos gases poluentes como você abordou e a preservação das matas ciliares, como o Igor bem lembrou, tem-se neste modal um menor nível de ruídos.
ResponderExcluirFábio