domingo, junho 05, 2011

A BOMBA-RELÓGIO DO MEIO AMBIENTE


            A badalada semana do 39º dia mundial do meio ambiente dá o tom do post deste domingo. Claro, devidamente conectado com as Hidrovias.
            A data vem da Conferência de Estocolmo para o Ambiente Humano, realizada pelas Nações Unidas - ONU, em 5 de Junho de 1972. Há quase quatro décadas, todo ano, inúmeras organizações e a mídia planetária dão ênfase a uma questão que se insurge, a cada dia, como um dos maiores desafios da humanidade: o equilíbrio ecológico. Assim, este blog também embarca nessa onda.
            Evoluiu-se bastante nessa área. Mas, o tema ambiental ainda não está no centro de nossas preocupações e decisões. A conscientização mundial desperta ações positivas. Às vezes, me flagro com um papel inservível na mão, esperando para jogá-lo fora no local certo. Vemos pessoas recolhendo pilhas e outros materiais agressivos à natureza para o descarte adequado. As novas gerações têm facilidade incrível na adoção de modelos mentais ecológicos. Crianças e adolescentes comportam-se como escoteiros do ambiente. Além do zelo, criticam as mais simples transgressões.
            Esse esforço individual é importante e deve ser incentivado. Mas, não sejamos ingênuos. O maior impacto ao ambiente advém das atividades empresariais e das políticas de governo. Estas, sim, têm a escala de grandeza capaz de aprofundar ou não o mal-estar que assola a terra. Enchentes, secas, terremotos, tsunamis e furacões são apenas alguns dos bumerangues da nossa irracionalidade. Ou melhor, do agir com ignorância ou desprezo aos requisitos básicos de preservação, na ânsia pelo lucro imediato e do crescimento a qualquer custo. Nesse contexto, o poder da caneta de figurões, acionistas ou representantes políticos, faz a diferença.
            Relatórios de organismos internacionais alertam sobre as mazelas que sangram nossa nave mãe e sobre seus limites. A trajetória do homem vem aumentando a temperatura média da terra. A simples melhora do bem estar de mais pessoas provoca esse efeito. Mais carros, mais ar condicionado, mais controles remotos. Todavia, isso é administrável. O agravante é a degradação ambiental exacerbada da presença humana. Nos atuais níveis, o estrago antecipa temperaturas que atingiríamos somente em décadas à frente. E não pensem que são variações grandes. Ao contrário, são pequenas, mas altamente comprometedoras ao planeta.
            A Agência Internacional para Energia – IEA ressalta a urgência de um esforço dos países para manter esse aquecimento abaixo dos 2ºC (graus Celsius) nas décadas vindouras. E adverte que já estamos muito perto do nível de emissões de dióxido de carbono – CO2, que não poderia ser alcançado em 2020. Esse gás é um dos causadores do efeito estufa, que eleva a temperatura global. O Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas - IPCC, ligado à ONU, alarma que um aumento de 4ºC na temperatura da terra provocaria transformações irreversíveis nos ecossistemas, com impactos severos na vida de milhões de pessoas, forçando migrações em massa e intensificando conflitos por recursos naturais.
Sim, a situação é séria. Talvez não seja aquele caos mostrado no filme 2012. Contudo, se nada for reduzido, os abalos já experimentados tendem a piorar. Assim, é vital ampliar a idéia de meio ambiente para o conceito de sustentabilidade. Isto é, de preocupação não apenas com a ecologia do presente, mas, especialmente, com a preservação do legado de gerações futuras.
Esse conceito foi abordado no artigo anterior denominado a Filosofia do Blog da Hidrovia. É emblemática a figura das rodovias desafogadas pela mudança da carga, dos caminhões que as congestionam, para embarcações nos rios, conforme mostrado naquele post.
Comparativo das emissões de CO2
entre os modais de transportes.
 O transporte como atividade humana gera impacto ambiental relevante no ranking da poluição planetária. Entretanto, vale frisar que no comparativo entre os modais, o aquaviário é o que acarreta menor degradação, sob vários aspectos. Além das vantagens energéticas, econômicas e sociais, os veículos da hidrovia apresentam as menores emissões do grande vilão do efeito estufa. Segundo a figura ao lado, para cada tonelada por quilômetro útil transportada – TKU, o rodoviário responde pela emissão de 164 g de CO2. Já o ferroviário emite 48,1 g deste elemento químico. Por sua vez, o transporte hidroviário libera apenas 33,4 g do principal gás causador das mudanças climáticas da terra. Eis a conexão com a sustentabilidade. A hidrovia ajuda a desacelerar o processo de aquecimento global.
Concluindo, as questões ambientais precisam ser elevadas a um novo patamar. Urge fazer mais do que apagar uma lâmpada, reciclar pilhas ou plásticos. A mudança de rota exigida impõe que sejamos mais conscientes e participativos nas discussões sobre o futuro de nosso planeta. E que atuemos em escala. Por esse ângulo, dois modos são cruciais: como consumidores e eleitores. No primeiro caso, temos o poder de optar pelo consumo de produtos de empresas com práticas ambientais sustentáveis. No segundo, pode-se exigir de nossos representantes políticas públicas pautadas no interesse público e na sustentabilidade. Assim, poderemos fazer a caneta começar a pender mais para o lado ambiental, retardando o efeito dessa bomba-relógio sob o nosso quintal.

2 comentários:

  1. Allama, excelente artigo. Complementando o elenco das vantagens, lembro do estimulo que as hidrovias dão à preservação das matas ciliares e consequentemente ao equilíbrio sedimentar nos rios, atrasando a colmatação prematura desses e, entre outros, diminuindo a gravidade das inudanções de áreas urbanas. E, pra equlibrar, lembro de um impacto negativo (nem sempre lembrado) que é a emissão de hidrocarbonetos na água, o qual, apesar de comum em embarcações movidas a óleo, no caso dos rios, tem seus efeitos agravados pelo menor potencial de diluição desse tipo de corpo hídrico e pela importância dos usos dos mesmos (abastecimento, principalmente). É algo que não inviabiliza a atividade (especialmente diante dos benefícios já apontados) mas é algo a se trabalhar.

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  2. Interessante o tema, Allama. Impende mencionar que além da redução dos gases poluentes como você abordou e a preservação das matas ciliares, como o Igor bem lembrou, tem-se neste modal um menor nível de ruídos.

    Fábio

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